Caiu a última para o Paraná ser reconhecido como área livre de febre aftosa sem vacinação de bovinos. O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) aprovou a antecipação da retirada da vacina contra febre aftosa. A campanha que começa neste dia 1º de maio será a última no Estado. A confirmação aconteceu em reunião realizada nos dias 24 e 25 de abril, em Curitiba, com representantes do órgão federal e diversas entidades do setor agropecuário do Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Mato Grosso do Sul e Mato Grosso, que integram o Bloco V do Programa Nacional de Erradicação da Febre Aftosa (PNEFA).

Mas a antecipação de área livre da doença de maio de 2020 para 2019 causou preocupação a alguns empresários do setor frigorífico do Paraná. Eles alegam que as empresas poderão sofrer com a falta de animais para abate, prejudicando os contratos de fornecimentos já assinados, inclusive para exportação do produto carne e seus derivados. Milhares de bezerros, bovinos no ponto de corte e até material genético são comprados no vizinho Mato Grosso do Sul, principalmente. Defendem que o estado deveria manter-se no grupo até a liberação de todos – ao mesmo tempo – e não se retirar individualmente, como está proposto. A medida está sendo contestada, mas o Governo Ratinho Junior não se pronunciado oficialmente sobre a possibilidade de sua reversão.
Região de Umuarama

O Astra, maior frigorífico do Paraná, está localizado em Cruzeiro do Oeste, onde atua há 16 anos. Diretores da empresa, a prefeita Helena Bertoco, o prefeito de Umuarama, Celso Pozzobom, o presidente da Sociedade Rural Milton Gaiari e representante do Sindicato da Alimentação se reuniram para tratar desse assunto. A empresa é a maior geradora de empregos para moradores do município (mais de 1.000) e caso a medida do Governo Estadual seja mantida poderá haver dispensa de 300 funcionários ainda nesse semestre. O empresário João Nardacchione Junior disse que os investimentos em obras de ampliação do abatedouro serão suspensos, o que preocupa lideranças políticas. O impacto negativo será principalmente na área social e na arrecadação de impostos.
Diante do impasse, empresários do setor e produtores estão tentando junto ao Governo reverterem à decisão classificada por eles como ‘política’ e não técnica. Avaliam que o paraná não é auto suficiente em matéria-prima e depende de outros estados, agora impedidos de fornecimento. Reuniões foram agendas nos principais municípios criadores de bovinos para discutir a matéria.
Geraldo Marcos de Moraes, diretor do Departamento de Saúde Animal do Mapa, explicou que das regras do reconhecimento internacional, é necessário provar 12 meses sem vacinação e sem circulação viral no Estado. Também é preciso 12 meses sem a entrada de animais vacinados. “Acreditamos que isso será concretizado em setembro, pois faltam alguns ajustes em relação a postos fixos de fiscalização, em implantação. Em setembro de 2020 será possível enviar o relatório para a OIE”. Pelos cálculos do Ministério, o Paraná registra baixa movimentação de animais com o estado vizinho – em torno de meio por cento, e não haverá prejuízos para abatedouros.
Bloco V

Inicialmente, de acordo com o calendário do PNEFA, a última etapa de imunização do rebanho bovino e bubalino do Bloco V, o qual o Paraná integra, seria apenas em maio de 2020. Porém, como o Estado comprovou que seu serviço de defesa agropecuária está estruturado e robusto e que as etapas do cronograma estão sendo cumpridos, o Ministério aprovou a antecipação da retirada da vacina. Desta forma, o Paraná poderá solicitar o status de livre de febre aftosa sem vacinação junto à Organização Mundial da Saúde Animal (OIE) em setembro de 2020, com o reconhecimento realizado na Assembleia Geral de maio de 2021.
Para o presidente executivo da Associação Brasileira de Reciclagem Animal (ABRA), Decio Coutinho, esse passo do Paraná é importante não só para o Estado, mas também para a própria continuidade do PNEFA a nível nacional. “O Estado cumpriu todas as etapas do que ele precisava resolver para antecipar o processo
de retirada de vacinação contra febre aftosa e fez isso de forma bastante competente”, avalia.
Já Elias Zydek, diretor-executivo da Cooperativa Frimesa, classifica a conquista do Paraná como histórica. “O que ganhamos com esse avanço é imensurável, passamos a outro momento histórico. Para nós, das cadeias produtivas pecuárias, significa sentar à mesa de negociação internacional em outro patamar. Aquelas barreiras que nós tínhamos, vão cair”, comemora.
(Da Editoria)