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segunda-feira, 28/04/2025
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O Noroeste precisa se fortalecer mais politicamente

(Entrevista)

Prefeito de Umuarama de 2009 a 2016, Moacir Silva, empresário do setor imobiliário e de vestuário, conhece o Noroeste há mais de 50 anos. Foi um dos fundadores e primeiro presidente do Consórcio Intermunicipal de Urgência e Emergência do Noroeste do Paraná (Ciuenp), que viabilizou e administra o Samu que atende a 102 municípios do Paraná (um dos maiores do Brasil). Também foi vice-presidente da Frente Nacional dos Prefeitos o que lhe permitiu uma visão mais abrangente sobre as dificuldades que afligem os municípios. Nessa entrevista, aponta problemas do Noroeste e procura mostrar os caminhos para encaminhar as soluções.

Milênio: O que mais chama a sua atenção na região Noroeste polarizada por Umuarama?

Moacir Silva: Primeiro, o fato do potencial produtivo da região nunca ter sido encarado de frente quer por setores da administração pública, pelas lideranças políticas ou mesmo por instituições de caráter privado, como associações, cooperativas, universidades, etc. Fala-se em tendências agropecuárias da região, mas nem aí existe investimentos necessários para estabelecer ações que resultem em benefícios regionais. O que se vê são algumas iniciativas isoladas em raríssimas áreas, mas não há, efetivamente, nenhum esforço conjunto que possa oferecer avanços econômicos e sociais. Segundo: a anemia política da região, sem forças para defender ações de investimentos oficiais no Noroeste, seja por meio de pesquisas, programas de incentivo financeiro, apoio institucional para programas que possam identificar as verdadeiras vocações regionais. O noroeste há anos e anos é deixado à margem pelos governos (lembram do chamado Anel de Integração criado pelo governador Jaime Lerner que, olimpicamente, deixou de fora a região de Umuarama?).

Milênio: Quais as consequências disso?

Moacir Silva: Ora, a falta de infraestrutura nos transportes é uma das principais consequências de toda a situação que acabamos de expor. Mas não é a única. Temos a clareza de perceber que a maioria dos municípios vivem na dependência de pequenos repasses de recursos dos governos estadual e federal. Recursos que quando chegam nas Prefeituras já estão defasados, obrigando os prefeitos a locarem recursos próprios (quando tem) para cumprir a finalidade objeto dessa liberação. Assim verificam-se as deficiências administrativas nas áreas de saúde, educação, assistência social, entre outras. O Noroeste encontra dificuldades para avançar, pois também não tem uma verdadeira identidade política. Boa parte dos votos dos eleitores se destinam a candidatos que de quando em quando dão os ares pela região, sem ter a menor intimidade regional. Não temos uma linha política definida, como, por exemplo, se observa entre os parlamentares e lideranças nordestinas e do sul, onde verifica-se uma união em defesa dos interesses comuns. Por aqui ainda prevalece o que se conhece como cada um por si. Aí fica difícil alcançar qualquer objetivo.

Milênio: E o que pode ser feito para enfrentar essa situação que o senhor coloca?

Moacir Silva: Provavelmente a maneira mais indicada seria começar por uma verdadeira união dos prefeitos, vereadores e outras lideranças políticas e classistas objetivando criar uma musculatura política capaz de exercer pressão sobre os governantes. Depois de detectadas as principais prioridades regionais, fazer uso dessa pressão para superar as dificuldades existentes, principalmente de investimentos – não necessariamente, a liberação de recursos – em áreas básicas como saúde e educação, liberando as Prefeituras para investir em outros setores do município. O Noroeste não é uma região pobre, longe disso, mas seu verdadeiro potencial de crescimento precisa ser despertado e incentivado. E isso exige musculatura política que os municípios precisam garantir por meio dessa união a que nos referimos.

Milênio: Qual a melhor maneira de mudar essa situação que o senhor acaba de expor?

Moacir Silva: A região pode conseguir se fortalecer politicamente. E o caminho mais curto e seguro é voto. Estamos em ano eleitoral e o Noroeste precisa criar sua própria representar política, escolhendo candidatos com afinidades regionais, capazes de identificar os problemas existentes e lutar para resolvê-los. As lideranças locais devem participar do processo eleitoral orientando suas comunidades a eleger representantes verdadeiramente comprometidos com a região. Representantes com histórica competência já comprovada no exercício de funções coletivas – sejam públicas ou privadas. A política, por mais que esteja sendo crucificada quando a população se revolta com tudo o que é público, ainda é o único caminho capaz de promover o desenvolvimento, gerar condições que melhorem as situações econômica e social da população. Sem o instrumento da política a situação se complica ainda mais. Mas o voto tem essa capacidade de mudar tudo o que aí está e buscar novas alternativas seja para a região, o estado ou o país. Só é preciso que seja feita uma profunda avaliação dos candidatos. O processo de escolha eleitoral exige muita reflexão por parte dos eleitores e de suas lideranças locais. A experiência administrativa municipal em Umuarama e o exercício dos demais cargos servem para formação do amplo conhecimento das necessidades da região.

Foto: JTM | Moacir Silva: ‘Fortalecimento político para promover o desenvolvimento econômico local e regional’.
Foto: JTM | Moacir Silva está definindo seu compromisso político com Umuarama e região.
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